Monday, May 21, 2007

dreamboats II

ai, perdão, quando fomos nos despedir semana passada eu fugi das regras, quebrei o decoro, ousei o impensável; quando você me beijou, sem querer encostei minha mão na sua bochecha, sentindo aquela barba mal feita raspar levemente a ponta dos meus dedos, e assim retive seu rosto perto do meu algumas frações de segundo a mais do que o de sempre, causa e solução para todos os meus problemas naquela hora. gente morrendo de fome e frio debaixo da ponte, coreanos comendo criancinhas grelhadas na manteiga, as calotas polares virando sopa e eu deitando e rolando na lembrança sensorial do que é te sentir bem de pertinho, nessa mísera memória que ninguém me tira. perdão porque eu tiro da sua sincera risada sobre coisas banais um prazer quase sexual, e perdão por todas obscenidades que cabem naqueles minutos extras que passamos juntos, que vão desde te puxar pelo cinto e cravar meus dentes nas suas coxas, até te imaginar abraçado comigo, quentinhos e quietinhos, esse tipo de coisa imoral.
espera algum dia eu descobrir que só tenho 24h de vida. apareço no teu quarto com um mandado de segurança reclamando um beijo e três horinhas de carícias pruma pobre moribunda. enquanto isso, vou lentamente grudando minhas ventosas em você, uma a uma, despedida por despedida, mão no rosto ontem, mão no ombro amanhã, mão na cintura mês que vem, até que a gente finalmente concorde em combinar mão na mão, rosto no rosto e todo o resto correspondente do seu com o meu. tenho oito tentáculos e todo o tempo do mundo, se precisar.
(e que seja, de preferência, antes do derretimento total das calotas. não lembro como é que faziam na hora da fornicação no waterworld)

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