sempre que preciso de fuga eu fico no fundo da minha cabeça, com o frio cortando os dedos que sobraram pra fora do casaco, no alto do 6º andar de um prédio na vila clementino, ou morninha, deitada com ele no sofá com listras, entre as almofadas de cetim vermelho com bordados orientais cafonas, a cidade como um fluxo contínuo de luzes e pessoas e barulhos diferentes, e prédios altos correndo pela janela do carro, como se tivessem pressa pra voltar pra algum lugar, tudo bem, eu que não tinha. houve contratempos e inúmeras limitações, mas foi do jeito que tinha que ser, gracioso na medida do possível, leve, novo, refrescante. não se temeu o futuro até que ele de fato chegou, claro que não sabíamos o que ia acontecer depois que eu entrasse naquele avião, e isso incomodava mas não atrapalhava. hoje eu sinto aquele vento gelado da sacada batendo no meu rosto como se fosse um sopro de fôlego puro pra seguir sã e consciente. e à tudo que me levou àqueles momentos, eu não tenho como agradecer. são mais do que lembranças, são um banho de banheira onde a gente repousa como uma âncora, imerso em um fluido tão acolhedor, tão quente, tão plácido, e dali, daquele estado, não quer sair nunca mais. eu sou tão privilegiada.
claro que o tempo trouxe consistência, e mais momentos que sequer ouso descrever, pra não me dar ao trabalho de fracassar em mais uma coisa hoje, palavras seriam inúteis. o desfecho desse encontro se tornou a minha vida, pra resumir. mas o voodoo que esse primeiro encontro exerce em mim continua sendo um mistério.
...e Ele viu que era bom.
Tuesday, June 17, 2008
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