Monday, May 22, 2006

and the oscar goes to

eu ter passado na prova não significa que eu sei dirigir, e sim que sei blefar muito bem. eles te dão a carteira nacional de habilitação pra carro e pro palco, 'parabéns, você conseguiu pelo menos nos enganar direitinho', e por isso não digo que não mereci. sentei no banco com firmeza, liguei o carro, pus marcha, desengatei o freio de mão, como se soubesse o que estava fazendo (e sabia: fingindo). olhava para os lados, atenta, e dava seta, decidida, pá e pá e pá, e fiz o retorno, e uma hora resolvi dar uma de humilde, e perguntei: "perdão, não te ouvi, é pra ir nessa entrada aqui?". o avaliador respondeu que sim, e eu entrei majestosamente à esquerda, ocupando o meio exato da faixa, conforme o protocolo manda. a avaliadora no banco de trás pediu que eu abrisse a janela porque ela estava com calor (e eu estava descobrindo o átomo. será que não dava pra dar uma desculpa menos esfarrapada? sei lá, "abre a janela por favor? meu jabuti tem claustrofobia e se sente mal quando roda em carros de quatro portas" ou simplesmente "nós queremos saber se você consegue abrir a janela sem se jogar no lago". porra, criatividade!). enfim, a prova foi muito tranquila, simplesmente porque não tinha oportunidade pra cagar tudo! o trajeto eu já tinha percorrido 50 vezes (contadas, juro) nas 25 aulas de direção que fiz, não tem muito tráfego, não tem quebra-molas, não tem passagem de animais, não precisa usar corrente pra neve, enfim, faltaram os tijolinhos dourados, porque o espantalho e o robô enferrujado já estavam comigo dentro do carro (e, quem sabe, o dark side of the moon também eheh).
é o teste definitivo de que eu seria uma excelente atriz...para algumas cenas. porque até hoje não sei disfarçar peido nem timidez.

nem otimismo.
porque o que é pensamento positivo? se por tudo o que eu quisesse na vida eu tivesse lutado e enfiado na minha cabeça meus objetivos e desejos, meu fim seria medíocre, não muito diferente do que provavelmente será. a falta de determinação me impede de me jogar da janela, então tô bem, supostamente. devemos ter metas, claro, elas tornam tudo mais claro, e eu já experimentei um pouco disso, mas vender tudo por uma passagem no titanic não é exatamente o que quero agora. do que adianta? vou fazer isso, e isso, e isso.
e isso, e isso e isso eu faço.
enquanto aquilo outro lá, que não era isso, era muito melhor, mas eu quis isso, isso e isso.
meu ponto é: perco tempo discutindo o que influencia onde. tem como saber? não é pretexto pra sair fazendo titica não. pra isso uso outro: eu não consiigo..

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