cada um sabe a dor e a dor de não ser a angelina jolie

o rapaz fez a barba - e agora, no que vou me perder? tenho certeza de que existem muitos outros tufos de pêlos por onde eu gostaria de passar, ou pelo menos um em especial, e não me refiro aos do braço. e sem aquele borrão preto o rosto dele ganhou uma leveza que só o rosto dele poderia ter. tá cada vez mais bonito e, nessa mesma proporção, mais inacessível.
e a namorada dele deu sinal de vida nas conversas, ô biscate maldita essa. e me culpo pela tal persistente existência dela - se eu fosse a angelina jolie, ele já estaria comigo, lambendo os saltos agulha do meu par de scarpins de vinil, mais precisamente. eu não nasci ela, e agora? já disse que o que deus me tirou de beleza, colocou de criatividade (ou gosto de pensar assim), mas não foi pra tanto. eu vou ter que nascer de novo, com mais sorte e olhos azuis, pra conquistar esse homem, porque o que tenho feito agora não chega nem perto de conquista, afinal, todo xaveco é feito por duas partes, e minhas estratégias não têm passado de monólogos, ou esquizofrenia, vale aí qualquer um desses dois.

o jeito é viver como se fosse viúva dele, revirando, every now and then, a tumba de pensamentos sórdidos e momentos vulneráveis que passamos juntos, montando imaginariamente, osso a osso, o esqueleto do que seria uma vida a dois - ele ao meu lado, eu em cima dele, e vice-versa - e tirando disso um prazer eterno e um punhado de energia para poder seguir adiante.


a propósito, falando em homem, um desabafo:
que o jefferson não deixe que o acaso vire nossas moedas. não consigo ficar confortável à mercê do aleatório.