você sabe que não está bem quando começa a esquecer as coisas. ou melhor, não se lembra mais delas. e não importa qual seja o motivo que tenha te levado a ficar assim, é problema sério meu filho, pode ir na farmácia comprar três cartelas de ergomemor, já que 'vergonha na cara' não se vende, infelizmente, e torcer pra que outras pessoas que convivam contigo sofram do mesmo mal e não reparem no seu. e como o que falta em uns, sobra em outros, concluí que eu não teria problemas se falasse 1/1000 do que falo (sem ser o 1/1000 de artigos e preposições, claro). todos os meus atuais problemas (e os passados também) seriam evitados se eu tivesse sugado acidentalmente um inseto ao abrir a boca, ao invés de falar. eu engasgaria, ficaria vermelha, roxa, chamariam uma ambulância e teriam dó de mim, muita dó, com direito a flores, e repouso com sopinhas. mas creio que seria impossível isso acontecer toda vez que eu falasse uma besteira; provavelmente o caminho da ambulância pro hospital desgastaria a profundidade da placa tectônica, a ponto de chegar até o magma, ou não existem insetos suficientes pra tal façanha, sei lá, ou simplesmente porque na quinta vez me deixariam engasgada morrendo, 'vamos guardar só boas lembranças...enterrem-na!' (o que, na minha cabeça, redirecionou a um outro assunto, 'morrer cedo pra deixar um cadáver bonito')
na verdade, a não ser que você tenha alzheimer ou esteja queimando seus neurônios de outra maneira, ilícita e fedorenta, o que acontece não é esquecimento, e sim apenas uma sutil mudança nos critérios. ha, critérios...o que somos nós, além de algumas meias dúzias de carbonos fazendo ligações com seus elementos amiguinhos e um amontoado de valores confinados no tempo? minhas calças me servem agora, sabe lá deus até quando, e já vi que não adianta usar essa desculpa pra passar o mês inteiro usando a mesma roupa. "não sou porca, estou apenas aproveitando cada minuto dentro dessa calça maravilhosa, enquanto me cabe, tudo é efêmero, calça diem!"...
então é melhor eu voltar pro meu adult swim, ganho mais rindo de bobagens do que discutindo assuntos como 'o nada', 'o tudo', e esses outros carros-de-palhaço.

esse negócio de usar coroa do burger king me lembra os índios maravilhados com os espelhinhos que os europeus traziam e trocavam por ouro. 500 anos se passaram e não mudou muita coisa.

keep walking

são dias como hoje que me fazem rejeitar todo e qualquer plano de tentar coisas novas no campo dos relacionamentos. rejeitar, sorrindo, dançando e estalando os dedinhos, com a mesma alegria de alguém que conseguiu fazer sua primeira bomba caseira explodir um edifício.
apesar de toda a fragilidade do momento (e apesar de achar que essa conversa é coisa de boiola) por causa das incertezas, dúvidas mortais e indagações sobre qual será o preço da pamonha doce amanhã, me sinto bem.
é hora de guardar meu saco de metáforas e ir viver, pra ter o que escrever num blog. e esquecer preocupações, anseios prematuros, previsões tiradas da borra do café, fórmulas...afinal, olhai para os lírios do campo. o dia de amanhã cuidará de si mesmo. amém

"i shot a man in reno just to watch him die.."

é só lançarem um filme ou um artista morrer, que o assunto cai na boca do povão. ninguém lembrava ou sequer conhecia o johnny cash até que ele morreu em 2003, e agora, com o johnny e june, vai ser um boom de especialistas em música country (ou sei lá qual é o estilo dele, um caso de polícia. próximas tendências: ser ex-presidiário, cigarrinho no canto da boca e óculos escuros quadradões. sem falar nos macacões jeans)
e fico feliz em dizer que sou parte integrante dos zé povinho, como diz minha prima bárbara. me enquadro no grupo daqueles que se alimentam de conhecimento de almanaque ou whatever-is-on-the-movie-theaters, parasitas do 'famigerado' (e do quanto essa palavra é engraçadinha). na época, quando vi no uol que johnny cash tinha morrido, pensei "ih...lá se vai mais um punk", eu poderia jurar que ele era do sex pistols. elitismo musical foi uma das pragas do egito que esqueceram de mencionar na bíblia. "só conhece ray charles porque lançaram filme com o jamie foxx ano passado", e daí? tem que fazer as coisas mais acessíveis mesmo. lógico que um 'cazuza' da vida não conta, mas é interessante lançar um tópico de pesquisas, que desperte a curiosidade das pessoas.
e já que é pra reclamar, minha bunda branca balançando pra esses europeus babacas que pensam ter descoberto a luz, o mundo do chá e dos castelos medievais. nudez, filmes sem roteiro, ruas estreitas, boas maneiras, macarrão, cagar sentado, VOCÊS NÃO INVENTARAM ESSAS COISAS, CARALEO (quer invenção? meu pai inventou a descarpack para objetos perfurocortantes e é um dos profissionais precursores dos partos humanizados. in the middle of goiás. caixas brasileiras pra conter doenças européias. não precisou usar cachecol e falar enrolado pra saber das coisas, sem contar outros inúmeros papais e mamães sabidíssimos que conheço e não nasceram na alemanha)! detesto gente civilizada, 'nós sabemos formar uma fila piriri pororó', que se fodam os franceses e a josta da torre wafer, pro inferno com veneza, aquele gigante esgoto a céu aberto - nem os moradores de vila velha, por mais orgulhosos que sejam, teriam coragem de pegar uma gôndola e sair navegando as águas do valão. mas aí já falo sem conhecimento de causa, nunca viajei pra fora, e é até suspeito eu criticar, como uma dor de cotovelo de quem passa as férias vendo cartoon network. esperem só até eu ter dinheiro. vou assombrar o mundo com meu mau-humor (ou me converter de vez à xenofilia). mas esperem sentados e agasalhados...pode ser que demore mais uma era glacial até lá.

não gosto de samba, mas tô no país certo.

i want to feel you from the inside

de quantas marias madalenas vamos precisar até que finalmente entendam o significado de "quem nunca pecou que atire a primeira pedra"? ou melhor, quantas bílias, quantos messias, quantos sacerdotes, quantas religiões serão necessárias pra explicar "ame o próximo como a ti mesmo"? de santidade já estamos fartos, entidades pairando no ar, como fantasmas gigantescos, disso já tem demais. o que falta é deus nas pessoas.
e esse discurso vir de alguém como eu é falsidade sem igual. é a minha confissão de hipócrita. falsa, salafrária, ordinária, e não ligue agora, tem muito mais. a gramática evoluiu bastante, mas ainda não tem o número de adjetivos que precisaria pra me descrever, e nem a palavra escrita poderia reproduzir o devido impacto...isso digo de mim e de todos que estão ao meu redor. porque se fôssemos honestos mesmo, a marcha nupcial seria closer, do nine inch nails.

You let me violate you, you let me desecrate you
You let me penetrate you, you let me complicate you
Help me I broke apart my insides, help me I’ve got no
Soul to tell
Help me the only thing that works for me, help me get
Away from myself
I want to fuck you like an animal
I want to feel you from the inside
I want to fuck you like an animal
My whole existence is flawed
You get me closer to god
You can have my isolation, you can have the hate that
It brings
You can have my absence of faith, you can have my
Everything
Help me tear down my reason, help me its’ your sex i
Can smell
Help me you make me perfect, help me become somebody
Else
I want to fuck you like an animal
I want to feel you from the inside
I want to fuck you like an animal
My whole existence is flawed
You get me closer to god
Through every forest, above the trees
Within my stomach, scraped off my knees
I drink the honey inside your hive
You are the reason I stay alive

praticamente um hino da monogamia. e quanto a esse assunto, devo concordar, clarear algumas idéias significa obscurecer outras. mas é isso o que acontece quando você muda a direção do foco de luz, apenas isso aconteceu, quem se moveu foi o foco, não eu. e o que está claro, está claro demais para se ver, assim como olhar pro sol, e a parte escura continua a incomodar. basta pouco pra perceber que a solução não é mudar o abajur de lugar, e sim instalar a luz no teto.

deus
nem eu aguento mais minhas metáforas eheheh



ps: olha, de marias madalenas não sei, mas de bolinhos magdalenas eu digo que por volta de três mil...deixa só eu descobrir onde eles ainda são vendidos pra você ver heheh.

- ih, a calcinha tá apertada, vai trocar logo
- eu não...tô com preguiça de tirar a calça
- você não ouviu o que sua mãe disse? comprime os vasos sanguíneos!
- o que eu ouvi foi 'bla bla bla'. já o que ela disse é outra história
- anda logo, tira isso, por mais que seja uma graça
- tira você
- ahaha olha só, ela aperta sua cintura e te deixa com pneuzinhos
- heheheh você falar que eu tenho pneuzinhos é como cuspir pra cima ou xingar um espelho
- eu não mereço esse corpo. ande, troque de calcinha
- se você conseguir me levantar da cadeira
- deus me livre, pare de ser preguiçosa
- ah é? quer que eu largue a preguiça? você não sabe o que está pedindo
- por que não saberia?
- o que me impede de trocar de calcinha é a mesma procrastinação que me impede de ser neurótica com limpeza, ou de tentar roubar/explodir um banco. o mundo é um lugar mais seguro e monótono graças à preguiça...vocês deveriam ser mais compreensivos e complacentes conosco, os preguiçosos, que preservamos o equilíbrio das coisas. já pensou se eu e mais uma dúzia de pessoas no mesmo estado tomamos coragem pra fazer o que quisermos? tenho calafrios só de pensar nisso. protelar me priva de aprender a tocar piano ou estudar a cura do câncer, mas em compensação evita que muita gente, duvidosamente inocente, morra, ou que o planeta vire pó. então não consigo entender como isso seja algo ruim...
- eu deveria aprender de uma vez por todas a não fazer perguntas pra você.
- ...a falta de iniciativa é como se fosse a letra escarlate. é uma marca divina de que há perigo na criatura em questão. ou também podemos dizer que boa parte dos indivíduos que apresentam ameaça aos outros ou ao meio, pra sobreviver, tiveram que se adaptar - desenvolveram a preguiça. desse modo, a herança de um gênio destrutivo ainda está lá, latente, mas disfarçada, envolta num mundo de desculpas pra deixar tudo pra amanhã.
- todo esse discurso só pra não ter que andar 10m até o quarto?
- a preguiça também forma filósofos, já mencionei isso?